terça-feira, 26 de outubro de 2010

TAM Vai Fazer o Primeiro Vôo na América Latina Usando Biocombustíveis a Base de Pinhão-Manso

Quem sente culpa por ajudar a esquentar o planeta ao viajar de avião vai gostar desta. A TAM acaba de anunciar que, no segundo semestre, pretende testar o bioquerosene. A iniciativa não é necessariamente novidade. Em fevereiro de 2008, o empresário Richard Branson, dono do grupo Virgin, atraiu os holofotes da mídia internacional ao promover o primeiro vôo comercial com o uso de ecocombustível à base de óleos vegetais. Um Boeing 747 de sua companhia cruzou os ares de Londres a Amsterdã, sem passageiros a bordo, com um dos quatro motores utilizando combustível feito de babaçu e coco da Amazônia.

Agora, a TAM é a primeira companhia brasileira a voltar os olhos para a questão – e deve ganhar algum crédito por isso. Até o fim deste ano, a empresa pretende realizar um vôo de demonstração com bioquerosene produzido a partir do pinhão manso, uma biomassa vegetal de segunda geração (o que quer dizer que não compete com a produção de alimentos). Se vingar, será o primeiro da América Latina com combustível renovável. Os testes vão ser feitos com um Airbus A320, também em um vôo sem passageiros. A TAM investiu US$ 150 mil no projeto e a Airbus, US$ 70 mil.

Não é de hoje que as empresas de aviação tentam mostrar ao mundo que é possível, sim, levar para o céu o que já é apontado em terra como uma das soluções para a alta do preço do barril de petróleo e para os impactos ambientais provocados pelos combustíveis fósseis. Fabricantes de aviões e motores e entidades da indústria aeronáutica há anos investem em pesquisas para desvendar qual combustível alternativo é mais adequado para os aviões.

O transporte aéreo é responsável por 3% das emissões de gases do efeito estufa no mundo. Não é muito, se comparado ao transporte rodoviário (13%) e à geração de energia e aquecimento (20%). Mas o crescimento da indústria tende a alavancar a poluição. Em geral, a aviação cresce, em média, duas vezes mais do que o PIB mundial. Durante a convenção de Copenhague, em dezembro passado, o setor se comprometeu a cortar em 50% suas emissões de gases até o ano de 2050.

Pouca gente sabe, mas foi um brasileiro quem descobriu a possibilidade de se produzir combustível a partir de vegetais. Corria o ano de 1977 quando o engenheiro químico Expedito Parente teve seu momento heureca!. Estava em seu sítio, ao sul da cidade de Fortaleza, bebericando uma cachaça à sombra de um ingazeiro, quando pensou em obter o produto com base em óleo de sementes. Depois de muitos testes, conseguiu transformar em algo real as fórmulas químicas que há tempos conhecia dos livros. Agora, a invenção começa a alçar vôo próprio.

Fonte:Época

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